quarta-feira, 2 de setembro de 2009

CULTURA

CULTURA
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Entre outras conceituações, o Dicionário Aurélio define Cultura:
•Conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade. Atividade e desenvolvimento intelectuais de um indivíduo; saber, ilustração, instrução.
•A parte ou o aspecto da vida coletiva, relacionados à produção e transmissão de conhecimentos, à criação intelectual e artística, etc. O processo ou estado de desenvolvimento social de um grupo, um povo, uma nação, que resulta do aprimoramento de seus valores, instituições, criações, etc.; civilização, progresso.
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Cultura é:
•Na perspectiva da Antropologia:
Um conjunto complexo de códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, e que se manifestam em praticamente todos os aspectos da vida. Totalidade de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano, incluindo, entre outros, crenças, arte, morais, leis, costumes... Corresponde às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições, transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
•Na perspectiva da Filosofia:
A categoria dialética de análise do processo pelo qual o homem, por meio de sua atividade concreta - espiritual e material, ao mesmo tempo que modifica a natureza, cria a si mesmo como sujeito social da história. Conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos.
•Na perspectiva da Sociologia:
Tudo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo e que confere uma identidade dentro do seu grupo de pertença.
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Cultura pode ser caracterizada através de algumas premissas:
•conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e se compartilha, de fazer as coisas numa determinada sociedade;
•representam os grupos humanos e são repassados de geração a geração;
•o homem recebe a cultura dos seus antepassados;
•resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram resolvendo os seus problemas ao longo da história, criando elementos que a renovam;
•fator de humanização; o homem só se torna homem porque vive no seio de um grupo cultural;
•sistema de símbolos compartilhados com os quais se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres humanos.
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Na percepção individual ou coletiva da identidade, a cultura exerce um papel fundamental para delimitar as diversas personalidades, os padrões de conduta e ainda as características próprias de cada grupo humano.
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A cultura dispõe de:
•mecanismo adaptativo: capacidade de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos;
•mecanismo cumulativo: modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se, perdendo e incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência daquela geração e reduzindo o esforço das novas gerações.
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A cultura sofre mudanças. Traços se perdem, outros se adicionam, o conhecimento e o saber se renovam e isso se dá principalmente através do contato com outras culturas, e o novo, resultante de diversas construções sociais é sempre a síntese da interposição de culturas diferenciadas com a cultura existente.
A transformação cultural pode ocorrer como conseqüência da:
•invenção ou introdução de novos conceitos;
•difusão de conceitos a partir de outras culturas;
•descoberta ou pela revelação de algo desconhecido pela própria sociedade e que ela decide adotar.
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O ser humano, imerso em sua própria cultura, tende a encarar seus padrões culturais como os mais racionais e mais ajustados à vida e a tendência natural é rejeitar a outra cultura como inferior, como inatural; superioridade da sua cultura em relação à outra. A tendência do homem nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é diferente ou não está de acordo com suas tendências, costumes e hábitos.
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É o etnocentrismo, atitude pela qual um indivíduo ou um grupo social, se considera como sistema de referência. Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos seus valores, seus modelos, suas definições e concepções do que seja a existência, do que seja o mundo, do que seja a vida. Corresponde à atitude pela qual os hábitos ou comportamentos próprios são acriticamente encarados como sendo indiscutivelmente superiores aos hábitos ou comportamentos dos outros. Encara o próprio grupo como se fosse o centro da realidade, resultando incompreensão em relação aos aspectos das outras culturas. A despeito de prejudicar o entendimento e a relação com outras culturas, age na preservação da identidade da sua cultura frente à possível difusão de preceitos de outras culturas.
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Contra o etnocentrismo, os estudiosos da cultura utilizam o chamado relativismo cultural que considera, cada aspecto cultural, em relação à cultura que está sendo estudada e não em relação à sua própria cultura. Afirma que todos os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor e que os valores são relativos à cada cultura, não existindo um valor objetivo que sirva para todas. Os aspectos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem. No mundo contemporâneo cresce o apelo ao respeito à diversidade cultural.
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O relativismo cultural não sempre é útil para uma ética do mundo globalizado, enquanto princípio de conduta, porque, se os valores são relativos à cada cultura, em uma podemos ter um bem que em outra é considerado um mal. Isto é, não temos bem e mal objetivos. Desse modo, eles não existem. De acordo com o relativismo, o “bem” seria “o que é socialmente aceito”, tanto em uma dada sociedade ocidental quanto em uma cultura particular de um outro lugar específico. Em algumas culturas como o caso de alguns povos nativos, o “bem” é algo tido como “bem” por todos os membros desta cultura, diferente do que é socialmente aceito no mundo ocidental, que pode variar dependendo do caso.
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Como pano de fundo da questão etnocêntrica existe a experiência de choque cultural. De um lado, o grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses e da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, se depara com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as “nossas” ou quando as faz é de forma tal que não se reconhece como possível. E, este “outro”, também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe. Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural.
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Interacionismo simbólico é, entre os sociólogos, uma corrente importante para a análise da cultura, segunda a qual, toda atividade está sujeita ao hábito, e sendo frequentemente repetida, torna-se um padrão que é reproduzido com menos esforço e em menor tempo. Constrói-se um senso comum sobre a realidade, produzindo signos, sinais que têm significação.
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Os aspectos da vida cultural são ligados entre si e sofrem efeitos à qualquer alteração, mínima que seja e ainda que em somente um deles. Qualquer prenúncio de mudança acarreta, normalmente, resistência. As pessoas frequentemente e, muitas vezes inconscientemente, rejeitam qualquer movimento que venha alterar o que já se encontra instalado... aquilo com o já se acostumaram... A “mente velha condicionada” responde com destreza e sem maiores esforços e riscos ao que já é conhecido. Mas o mundo gira... roda... e os homens, provocados por inúmeros desafios, mudam sua maneira de interpretá-lo.